Nos bastidores, Dilma já ensaia um “eu não sabia”…

Kenedy Alencar

meme dilma

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A prisão do marqueteiro João Santana reacendeu conversas de bastidores sobre a permanência ou saída da presidente Dilma Rousseff do poder.

O governo, claro, debate um cenário de sobrevivência política de Dilma, no qual se avolumam as divergências com o PT e o ex-presidente Lula.

Lula e o PT discordam das propostas da presidente para combater a crise econômica. O ministro Nelson Barbosa é criticado pelo ex-presidente em conversas reservadas. O PT já bate em Barbosa publicamente.

Na avaliação do governo, é preciso dar uma resposta à crise econômica para juntar aliados suficientes no Congresso a fim de impedir que prospere a tese de impeachment. A prisão de João Santana complica esse cenário, porque introduz incertezas que afetam a economia.

Enquanto sustenta publicamente que todos os pagamentos a Santana foram realizados dentro da lei, há um discurso sendo debatido nos bastidores do governo: a presidente e seus auxiliares de campanha podem não ter conhecimento de eventuais irregularidades praticadas pelo marqueteiro.

É uma nova versão do “eu não sabia”, que foi usada por Lula no mensalão. Dilma já ensaia um “eu não sabia”.

A oposição está dividida entre dois caminhos. Apostar na cassação da chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ainda neste ano resultaria numa nova eleição presidencial. No atual clima de guerra política, há no PSDB dúvida se um tucano sairia vencedor.

Uma ala do partido prefere apostar no impeachment de Dilma, fazendo um acordo com o PMDB para que Michel Temer fique na Presidência. Esses são os cenários que estão sendo discutidos pelos políticos em Brasília.

Um eventual impeachment andaria mais rápido do que o processo no Tribunal Superior Eleitoral porque tem um componente político que prepondera em relação ao jurídico.

O pedido de abertura de processo de impeachment que está em tramitação na Câmara tem como justificativa desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal. De modo genérico, é um impeachment baseado nas chamadas pedaladas fiscais. No entanto, se surgir uma prova concreta de recursos ilegais na campanha de 2014, seria acesa a faísca política para desencadear o impeachment num prazo de dois a três meses.

Já o processo de cassação da chapa Dilma-Temer poderia se estender até o fim do ano. Ou seja, nove ou dez meses. Haveria uma guerra jurídica da parte da presidente para tentar manter o mandato em meio a uma deterioração econômica ainda maior.

Tudo isso, obviamente, dependeria da confirmação da suspeita dos investigadores da Lava Jato de que houve recurso ilegal para a campanha presidencial de 2014. O ideal seria uma resposta rápida da Lava Jato se houve ou não dinheiro irregular na campanha de Dilma.

Enquanto essa questão não for resolvida, haverá um ingrediente de instabilidade que acirra a guerra política e que tem como um dos seus piores resultados influenciar negativamente a economia.

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