ONDE ESTÁ A SEGURANÇA? Bastidores de um assalto a minha residência…


Por Jacir Moraes*


Jacir Moraes é colaborador do blog

Há duas semanas, acordei com a zoada de alguém batendo em minha porta, o que me causou estranheza pelo avançar da hora, aproximadamente três da manhã, e insistentemente empurrava-a querendo botá-la abaixo, quando um bandido com mais outros dois mandaram a mensagem: “bota o dinheiro pra fora agora; não conversa, rapaz” (querer tirar dinheiro de um aposentado da Previdência é muita coragem). 


Eu disse: “aqui não tem dinheiro”. Retruquei, mas eles não se convenceram e continuaram forçando a porta com intuito, imagino eu, de arrombá-la.

A minha cuidadora, que estava a serviço naquela noite, ficou totalmente transtornada de medo e apelou para a sensibilidade dos homens, que não a tem, e disse: “moço, não mexa com ele que sofre do coração e pode morrer”. O ladrão respondeu: “eu quero dinheiro; largue de conversa” e, insistentemente, continuou arrombando a porta.


Eu afirmo que foi um momento de pavor que vivemos, mesmo os ladrões não chegando a arrombar a grade, pois a minha cuidadora teve a lembrança de oferecer aos bandidos o seu celular e disse: “moço, eu tenho um celular; pegue e largue ele de mão”. O ladrão disse: “passe o celular, agora eu quero o dinheiro”. Eu disse: “rapaz, está ruim porque eu não tenho…”


Daí a cuidadora ligou para uma pessoa da minha família para que acionasse o 190 que, costumeiramente, demora a chegar e, naquela noite, não foi diferente. Mas, de posse do celular, os bandidos foram se acalmando e eu reiterei que não tinha dinheiro para dá-los. Os mesmos resolveram deixar a minha casa, assim como eu tomei também a uma decisão: saí daquela moradia de forma definitiva.


Além de chegar tardiamente a minha residência, os policiais ainda estavam, claramente, assediando a minha cuidadora e nem se dispuseram a procurar os bandidos.

Infelizmente, dado o índice de violência por que passa a cidade, não é possível divulgar meu novo endereço, mas, quando me procurarem lá na Rua Pau d’arco, não estarei mais lá, pois acabo de mudar para outro local. Pelo menos, quero viver mais um dia sem ser incomodado pelos bandidos que grassam em São Luís a desafiar as autoridades que se dizem de segurança. A sociedade paga seus impostos para que tenha serviço de qualidade e o que acontece, na maioria das vezes, é o contrário.


Desprotegidos – Mesmo sem a proteção da Segurança Pública e, diante da ameaça dos bandidos, continuarei morando na ilha de São Luís. No entanto, encontro-me impedido de dar o endereço porque posso ser “visitado”, mais uma vez, por aqueles “donos do alheio” que não medem o grau de violência para subtrair os pertences do cidadão.


E a policia continua, como se sabe, em muitos casos, fazendo parceria com os bandidos, trabalhando em comum acordo com eles, o que me faz lembrar a época em que existiram, em São Luís, as duplas de policiais chamadas de “Cosmo e Damião” que agiam em conjunto.


Que me desculpem os cidadãos de bem que integram as fileiras da Policia Militar do Maranhão, mas eu não posso ficar alheio a tudo que está acontecendo no setor da Segurança Pública, onde não sabemos quem é cidadão, quem é policial, quem é militar e quem é bandido. Estão aí exemplos no sul do país, onde mascarados, flagrados recentemente, eram homens do Exército brasileiro, que tem como uma de suas missões tomar conta da nossa fronteira para que outros países não nos invadam.


Veja a que grau de irresponsabilidade e fragilidade do poder chegamos. O cidadão tornou-se refém, em sua própria residência. Hoje é comum se colocar grades nas moradias e nos comércios da periferia por causa dos bandidos que atacam a toda hora. Muito lamentável!

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*Jacir Moraes é jornalista e colaborador deste blog. Esse texto contou com a participação de Carmem Moraes na digitação e de Sílvia Tereza na edição, devido à minha incapacidade visual que me impede de escrever.

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