Ricardo Pessoa cita ex-ministro Lobão e outros cinco parlamentares em delação premiada

Globo.com

O empresário fez referência aos políticos em acordo de delação premiada
O empresário fez referência aos políticos em acordo de delação premiada

BRASÍLIA – O empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC e Constran, citou o nome de pelo menos seis parlamentares, entre eles um ex-ministro, envolvidos com as fraudes investigadas na Operação Lava-Jato. O empresário fez referência aos políticos em acordo de delação premiada, assinado,  nesta quarta-feira (13), com o grupo de trabalho da Procuradoria-Geral da República encarregado dos inquéritos sobre parlamentares aberto no Superior Tribunal Federal (STF). Entre os políticos mencionados está o ex-ministro de Minas e Energia, o senador Edison Lobão (PMDB-MA).

Segundo investigadores, ele acertou os termos de delação premiada, e assinou o acordo para colaborar nas investigações sobre políticos envolvidos na Lava-Jato. No acordo, Pessoa prometeu devolver R$ 55 milhões.

O empresário, que estava em São Paulo onde cumpre prisão domiciliar, chegou a Brasília pela manhã e deixou o prédio da PGR no meio da tarde sem falar com a imprensa. Seus advogados não quiseram esclarecer detalhes da reunião com os procuradores. (Saiba quem são os executivos que ficarão em prisão domiciliar)

Pessoa vinha negociando o acordo desde janeiro. As tratativas tiveram início com a força-tarefa no Paraná. Depois, o grupo de procuradores responsáveis pela investigação de parlamentares assumiu o comando nas negociações.

O empresário chegou a ficar preso em Curitiba em decorrência da Operação Lava-Jato, que investiga irregularidades na Petrobras. No início de maio, foi solto em decisão da Segunda Turma do STF.

SILÊNCIO DURANTE DEPOIMENTO

Pessoa, que é acusado de ser o coordenador do cartel conhecido como “Clube das Empreiteiras”, preferiu ficar em silêncio ao ser interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro, no último dia 04 de maio. O silêncio de Pessoa já era um indício de que o empreiteiro estaria próximo de assinar um acordo de delação.

Em fevereiro, durante o depoimento do delegado da Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo, um dos coordenadores da Operação Lava-Jato, ficou claro que Ricardo Pessoa, dono da UTC, negociava um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Na última segunda-feira, o delegado da PF era interrogado pela Justiça do Paraná quando a defesa de Pessoa tentou impugnar parte do depoimento, alegando que o delegado não poderia dar informações relacionadas ao empresário por conta de um acordo de delação premiada entre Pessoa e a Justiça.

Em sua defesa prévia, entregue à Justiça Federal do Paraná, Ricardo Pessoa arrolou entre as testemunhas o ministro da Defesa, Jaques Wagner, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidato derrotado à Presidência da Câmara, além do ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo e outros quatro deputados federais: Paulinho da Força (SD-SP), Arnaldo Jardim (PPS-SP), Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) e Jutahy Magalhães (PSDB-BA).

CAMPANHA

Foi chamado ainda o secretário municipal de Saúde de São Paulo, José de Filippi Júnior, ex-tesoureiro da campanha de reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, e da primeira campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2010.

As empreiteiras suspeitas de integrar o “clube do cartel” têm contratos ainda vigentes com a Petrobras no valor total de R$ 44,6 bilhões, aditivados por 321 vezes, seja para ampliar prazos de execução ou preços praticados.

Ao todo, 65 contratos permanecem ativos, dos quais 53 — 81,5% — foram firmados a partir de cartas-convite da estatal e o restante, por dispensa ou inexigibilidade de licitação. A UTC, por meio de um consórcio, executa obras no valor de R$ 3,9 bilhões, com vigência até este ano.

A reportagem tenta contato com o senador Edison Lobão.

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