SÃO 403 ANOS! Ilha do amor, capital dos poetas, Atenas Brasileira…

São Luís de lindos cenárioos
São Luís de lindos cenárioos

São Luís também é poesia. Hoje aniversaria e chega aos seus 403 anos. E a melhor forma de homenagear esta capital – conhecida como a Atenas Brasileira, ilha do amor…- é com poesia e fotos de seus lindos e encantadores cenários.

No século XIX, João Lisboa, Cândido Mendes, Odorico Mendes, Sousândrade e Humberto de Campos foram aqueles que fizeram do Maranhão o principal cenário da poesia, da prosa e da produção jornalística brasileira do período.

A riqueza da tradição literária maranhense prosseguiu no século XX com outro grupo de intelectuais – Adelino Fontoura, Teófilo Dias, Raimundo Correia, Aluísio Azevedo, Arthur Azevedo, Coelho Neto, Graça Aranha, Teixeira Mendes e Nina Rodrigues. Mais recentemente, grandes poetas e escritores como Ferreira Gullar, Nauro Machado, José Chagas e Josué Montello figuram entre aqueles que fazem da literatura local um destaque na cultura brasileira.

Parabéns, cidade dos azulejos! 

Segue a poesia “São Luís  do Maranhão” do poeta cearense, mas maranhense e ludovicense de coração, Martins D’Alvarez:

Cidade dos Azulejos
Cidade dos Azulejos

 

SÃO LUÍS DO MARANHÃO

Poesia de Martins D’Alvarez

sao luis niver4

“Minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá…
Ïsso é lirismo do poeta,
a gente pensa de cá!
Mas, ao penetrar-se, em barcos,
na baía de São Marcos,
vemos que há mesmo palmeiras
e muitas palmeiras lá.

E, emoldurando as palmeiras,
há jardins verdes, floridos,
ruas que sobem ladeiras,
azulejos e vitrais…
Poesia dos tempos idos:
— chafarizes esquecidos,
romances adormecidos
em solares coloniais.

E na fronde das palmeiras,
há mesmo alados cantores
— enlevo dos sonhadores,
— ternura dos namorados…
Dos platônicos mancebos
que se ficam nas calçadas
a acenar para as donzelas
nas janelas dos sobrados.

“Minha terra tem primores
que tais não encontrou eu cá…
“Velhos fortins dos franceses,
igrejinhas seculares:
Carmo, Remédios, a Sé
— mãe das primeiras Missões!…
Se cujo púlpito, Vieira,
plantou a fé brasileira,
com a augusta sementeira
de seus famosos sermões.

Tem recantos encantados,
de um bucolismo sem-par:
— Sacavém, Ponta da Areia,
São João de Ribamar…
O velho Farol de Alcântara,
o Bumba-meu-boi de Anil…
E outras relíquias da História
pitoresca do Brasil.

Tem aquela preta velha
da Rua dos Afogados
que foi preada na Angola,
deu bom preço nos mercados…
Foi tudo para os Senhores…
Amargou de mão em mão…
E traz na pele, gravado,
o drama da escravidão.

Tem o português dos “secos”
e o português dos “molhados”…
Tem o turco dos “retalhos”
ë o turco dos “atacados”…
Tem a “pipira morena,
lá da Rua do Alecrim,
que aos domingos, toda chique,
vai fazer seu piquenique
e à noite, em Campos de Ourique,
quem paga tudo é o Joaquim!

“Nosso céu tem mais estrelas”
“na noite calma e deserta…
— Infinita porta aberta
para um mundo de poesias!
“nossas várzeas têm mais flores”,
além das rosas-meninas
que florescem nas esquinas
da Praça Gonçalves Dias!

“Nossos bosques têm mais vida
“na magia feiticeira
dessa Atenas Brasileira
de artistas e pensadores.
Graças à luz expendida
por esta estirpe luzida,
“nossos bosques têm mais vida,
nossa vida mais amores”.

“Em cismar sozinho à noite
mais prazer encontro eu lá”,
pela Praça João Lisboa,
recitando o “Marabá”…
Ao longo da Praia Grande…
No botequim da Sinhá,
tirando o gosto da pinga
com refresco de cajá…
Ouvindo, ao luar de prata,
acordes de serenata,
com trovador e com flauta
com violão e ganzá.

“Não permita Deus que eu morra
sem que eu volte para lá…
“Sem que carregue, contrito,
o andor de São Benedito,
na bênção que ao povo aflito,
em procissão, ele dá…
Sem que inda prove pequi,
cupuaçu, bacuri,
cambica de murici
e um bom arroz de cuchá!…

Quero morrer, na verdade,
na minha velha cidade,
namorando a antiguidade,
numa rede de algodão…
Dando um adeus ao passado,
um viva a Pedro II
na melhor terra do mundo:
— São Luís do Maranhão!

Martins D’Alvarez

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