Detalhes de depoimentos na Polícia Federal “assombram” João Abreu…

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Youssef e João Abreu
Youssef e João Abreu

Solto por meio de um habeas corpus e com tornozeleira eletrônica, o ex-secretário chefe da Casa Civil do governo Roseana Sarney, João Abreu, ficou em uma situação muito complicada após revelação de detalhes do depoimento do doleiro  Alberto Youssef e de emissários à Polícia Federal e direcionados à Polícia Civil do Maranhão. As revelações “assombram” o também empresário. Segundo o delator, ele teria recebido, no Palácio dos Leões, três parcelas que totalizam R$ 3 milhões de propina, referente à intermediação entre a empresa Constran e o governo do Maranhão, durante o governo Roseana Sarney, para pagamento de dívida da década de 1980 que somava R$ 113 milhões.

Em depoimento, o emissário Rafael Ângulo diz que fez várias viagens com destino a São Luís, a mando de Youssef, transportando dinheiro colado ao próprio corpo com meias de pressão. Ele conta que esteve em São Luís por duas vezes para “fazer a entrega, ao secretário João Abreu, de dinheiro enviado por Youssef, carregado no próprio corpo. Informou que o fez no Palácio dos Leões, diretamente ao secretário, na sala dele, por determinação e sob as instruções de Youssef.”

Os depoimentos dos principais envolvidos no esquema de corrupção que foi desvendado em abril de 2014, quando Roseana Sarney ainda era governadora do Maranhão, mostram que, para efetivar um acordo entre o governo do Estado e a empresa Constran para o pagamento de uma dívida de precatório referente aos anos de 1980, o ex-secretário João Abreu teria recebido R$ 3 milhões como propina paga pelo doleiro. Os pagamentos teriam sido efetuados nas viagens feitas por Rafael Ângulo.

Braço direito de Youssef, Ângulo conta em seu depoimento detalhes sobre o Palácio dos Leões e a sala em que entregava o dinheiro a João Abreu. Às polícias Federal e Civil, ele revelou “detalhes do interior do prédio (Palácio dos Leões), que é de acesso restrito, e do caminho até a sala do Secretário” o que, segundo os delegados responsáveis pela condução do processo, “confere grande verossimilhança às suas declarações”.

Junto a ele atuava Adarico Negromonte, ambos responsáveis pelas viagens de “negócios” do doleiro para efetuar as entregas que eram combinadas em reuniões capitaneadas por Youssef. Os depoimentos confirmam que “ambos levaram, em cada uma dessas ocasiões, R$ 800 mil acondicionados em seus próprios corpos. As viagens e esses pagamentos, realizados diretamente a João Abreu, foram revelados pelos próprios Youssef (à Polícia Federal e à Polícia Civil), Rafael Ângulo e Adarico”.

Em seus depoimentos, os delatores contam que levavam o dinheiro do hotel para a Casa Civil em malas. A versão foi confirmada pelo doleiro, ao informar que na noite anterior à sua prisão, deixou uma mala contendo R$ 1,4 milhão referente à última parcela do “acordo” feito com ex-secretário de Roseana Sarney para que esta fosse entregue por “Marcão” a João Abreu na manhã seguinte. João Abreu, em seu depoimento, confirma que Marco Antonio esteve no Palácio dos Leões para reunir-se na Casa Civil e que ambos aguardavam Youssef.

E foi nessa viagem, nesse dia, que ocorreu a prisão de Alberto Youssef, num hotel de luxo da capital maranhense, situação em que estava acompanhado por Marco Antonio Zieghest. Conhecido por “Marcão”, ele foi o elo entre Youssef e João Abreu para o início das tratativas para o pagamento do precatório – que somava R$ 113 milhões. O acordo para pagamento da dívida que já corria há 20 anos aconteceu em tempo recorde, três meses, a partir de negociação entre Youssef, o chefe da Casa Civil e a Procuradoria-Geral do Estado.

 

Entenda o caso

Youssef foi preso em São Luís em março de 2014, quando teria um encontro no Palácio dos Leões com João Abreu para entregar a última parcela da propina no valor de R$ 1.400.000,00.

João Abreu foi responsável pela intermediação entre a empresa Constran e o Governo do Maranhão, durante o governo Roseana Sarney, para pagamento de dívida da década de 1980 que somava R$ 113 milhões.

Para facilitar as negociações, Youssef teria pago a João Abreu R$ 3 milhões em propina. O doleiro representava a empresa Constran para tratar da dívida no Maranhão.

Rafael Ângulo, braço direito de Youssef, esteve em São Luís por duas vezes para entregar na sala de João Abreu parcelas da quantia combinada.

Inquérito, instaurado pela Polícia Federal no ano passado pelo juiz Sérgio Moro, tramita no Maranhão por determinação do Superior Tribunal de Justiça.

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