Fantástico escancara compra de votos no Maranhão; prefeitos são ligados a Lobão Filho

Fantástico com edição do blog

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Em pleno ano da eleição mais importante do país, o Brasil ainda está discutindo o resultado das eleições de 2012. Isso porque os tribunais eleitorais têm mais de mil processos que investigam a compra de votos nas eleições para prefeito.

No município de Codó, no interior do Maranhão, Zito Rolim, candidato do PV à reeleição em 2012, fez campanha de casa em casa e foi flagrado, em vídeo, dando dinheiro a eleitor.

Depois de entrar em uma casa, ele tira a mão do bolso e cumprimenta um eleitor. E se afasta. É quando o homem, contente, estica o que parece ser uma nota de dinheiro.
Em outro vídeo, Zito entra em uma casa abraçado a uma mulher. Os dois vão até o quarto. Ela pega um papel no chão.

O candidato segura o papel, olhando para a porta como se estivesse preocupado, coloca dentro dele uma coisa que tirou do bolso.
Outra eleitora diz que é comum candidatos distribuírem dinheiro nas campanhas municipais em Codó.

“Eles chegam nas casas, eles pede licença; às vezes chama a gente dentro do quarto para falar sobre o que a gente precisa, aí dão o dinheiro”.

Agora, é um cabo eleitoral que conta as notas. Depois, se aproxima de uma mulher. E, sem olhar para ela, ele entrega o que, segundo o Ministério Público, é dinheiro.
Aí ele vai embora, e a mulher coloca a criança no chão. Em seguida, ela verifica as notas e sai.

“Você quer permanecer aqui?”

“Com certeza, né?”

Bom Jesus das Selvas

Em Bom Jesus das Selvas, interior do Maranhão, a então candidata do PT do B, Cristiane Damião, visita eleitores que invadiram as terras que pertencem à família dela e passaram a viver ali.

“Pois olha só: vocês têm todo o direito de permanecer aqui. Mas eu, a dona da terra, é que realmente autorizo vocês ficarem. Por isso eu preciso da ajuda de vocês, eu preciso do voto de vocês”.

O vídeo foi gravado na casa da família do lavrador Francisco, uma das 2,5 mil que invadiram a propriedade de Cristiane.

“Eu achei que era, sim, comprando o voto da gente”.
“Se nós votasse nela, nós tinha como ter a terra”.

“Prometer alguma coisa que é um dever público isso faz parte da campanha isso é lícito, isso é permitido. O que não é permitido é oferecer um bem, dar uma camiseta, dar algum bem, dar alguma vantagem que leve a esta pessoa a ficar comprometida com aquele candidato”, define José Antonio Dias Toffoli, presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

Hoje, a Justiça Eleitoral tem, pelo menos, 10,5 mil processos que questionam candidatos e prefeitos eleitos em 2012. Em cerca de 1,2 mil, a acusação principal é a compra de votos.

“O número de casos que chegam à Justiça Eleitoral infelizmente é ainda muito grande. É algo que se espraia por todo o país. Não é algo exclusivo de alguma região ou mesmo até de classes sociais”, diz o presidente do TSE.

Em Bom Jesus das Selvas, um homem diz que na última eleição foi oferecido todo tipo de vantagem em troca do voto.

“Cesta base, dinheiro. Prometia material pro povo. Quarenta telhas, um metro de areia, porque é para botar o piso na casa. Tá entendendo?”

E uma eleitora afirma que a então candidata Cristiane Damião prometeu um terreno.
“Se eu votasse nela ela me dava o local para mim fazer a minha casa, né?”
Cristiane nega ter comprado votos e diz que o vídeo é uma montagem?

Prefeita nega, mas perito diz que vídeo é verídico

“Isso aí, vídeo é montagem, vídeo pode denegrir imagem, pode fazer muitas coisas”, diz Cristiane Damião, prefeita de Bom Jesus das Selvas.

A pedido do Fantástico, o perito Ricardo Molina, analisou o vídeo. Segundo ele, não existe montagem.

“Essa gravação é perfeitamente autêntica”, diz Ricardo Molina.
Fantástico: Não sofreu nenhum tipo de edição, nada.

Ricardo Molina: “Nem edição, nem montagem. A gravação é perfeita.
Cristiane diz também que quer remover as famílias que invadiram o terreno da família dela”.

“Se eu estou trocando lotes por terra, como que eu ia entrar na Justiça para reintegrar minha terra? Jamais”, diz a prefeita.

Zito também nega, mas promotora diz que houve compra de votos

Em Codó, Zito Rolim afirma que jamais comprou votos. “Em nenhum momento manuseei dinheiro. Eu estava com os santinhos, que são aquelas fotos pequenas, no bolso e entreguei para uma pessoa, como é normal. A gente, à medida que vai fazendo campanha, visitando nas ruas, nas casas onde a gente entra, a gente entrega aquele santinho com o número e tal”, diz  o prefeito de Codó.

Como você viu no início da reportagem, no vídeo Zito aparece pegando um papel da eleitora e parece colocar algo dentro dele antes de devolver. Faz isso olhando para a porta, como se estivesse preocupado. O prefeito nega ter dado dinheiro à mulher, e diz que o papel era uma receita médica.

“A pessoa me pediu a receita, e eu, entregando a receita de volta, eles entenderam que fosse uma cédula que a gente tivesse passando para o eleitor. Não foi nada disso”, nega o prefeito.

“Os vídeos mostram a entrega de dinheiro a pessoas dentro de casas, durante uma caminhada. Na visão do Ministério Público não há dúvida nenhuma. Na verdade, se conseguiu em Codó uma proeza, que é confirmar algo que todo mundo sabe que acontece mas que é de difícil confirmação”, revela a promotora de Codó Lindaluz Matos Carvalho.

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