Janot pede nova investigação sobre Renan, Jucá, Sarney e Machado na Lava Jato

Globo.com

Em gravação, o ex-presidente Sarney afirmou que a delação premiada de executivos da Odebrecht seriam “uma metralhadora de [calibre] ponto 100”
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu, nesta segunda-feira (6), ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de novo inquérito para investigar os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR), o ex-presidente José Sarney (PMDB-AM) e o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado. Eles são suspeitos de criar embaraços às investigações da Operação Lava Jato.
Renan, Jucá e Sarney tiveram conversas com Sérgio Machado gravadas pelo ex-diretor da Transpetro, que se tornou posteriormente um dos delatores do esquema de corrupção.
Nessas conversas, eles discutiram, por exemplo, formas de “estancar e impedir, o quanto antes” os avanços das apurações sobre políticos – especialmente do PMDB, do PSDB e do PT –, inclusive mediante supostos acordos com o Supremo Tribunal Federal (STF) e com aprovação de novas leis que, na visão da PGR, poderiam inibir as investigações e esvaziar os processos judiciais.
Versões
À TV Globo, a assessoria de Renan Calheiros informou que ele não praticou nenhum ato para embaraçar ou dificultar qualquer investigação e que sempre foi colaborativo. “O senador reafirma que a possibilidade de se encontrar qualquer impropriedade em suas contas pessoais ou eleitorais è zero. O senador está convencido que, a exemplo do primeiro inquérito, os demais serão arquivados por absoluta falta de prova.”
Também à TV Globo, o advogado que representa José Sarney e Romero Jucá informou considerar importante a abertura do inquérito para comprovar que o crime foi comedito por Sérgio Machado, que gravou as conversas.
Procurada, a defesa de Sérgio Machado informou que não tem ciência do pedido da PGR e por isso não iria se manifestar.
As conversas gravadas
Numa das conversas gravadas por Sérgio Machado, Renan Calheiros defende que “não pode fazer delação premiada preso”. “Porque aí você regulamenta a delação e estabelece isso”, disse o senador a Machado em março do ano passado. Para investigadores, isso poderia desestimular empresários envolvidos em corrupção a confessar os crimes.
À época, Renan afirmou que os diálogos “não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções anômalas”.
Jucá, por sua vez, foi gravado dizendo que era preciso um “pacto” para tentar barrar a Lava Jato. “Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa p… Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”, disse.
Questionado, ele disse, em maio do ano passado, que os diálogos reiteraram seu posicionamento sobre a crise política e econômica do país. De acordo com o peemedebista, o termo “delimitar” usado na conversa não significa “barrar” a Lava Jato, mas definir quem é culpado, o crime, e a punição de cada acusado.
Em outra gravação, o ex-presidente Sarney afirmou que a delação premiada de executivos da Odebrecht seriam “uma metralhadora de [calibre] ponto 100”. Em nota, Sarney disse lamentar que “conversas privadas tornem-se públicas, pois podem ferir outras pessoas que nunca desejaríamos alcançar”.

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