No Fantástico, líder de agentes admite que quem comanda Sistema Penitenciário no Maranhão são os presos

Editado com informações do Globo.com

Pedrinhas: O inferno é lá mesmo!
Pedrinhas: O inferno é lá mesmo!

“Hoje quem comanda o sistema penitenciário do estado do Maranhão chama-se preso”, admitiu em entrevista ao Fantástico da rede Globo, neste domingo (12),  o vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Maranhão, Cézar Castro Lopes.

O Fantástico deste domingo mostrou imagens exclusivas de  vistoria no presídio de Pedrinhas, no Maranhão. Além das armas, os policiais encontraram celulares, drogas e até caderno de contabilidade dos criminosos. Superlotação chama a atenção.

A morte da menina Ana Clara comoveu o país e chamou a atenção para a extrema violência que toma conta dos presídios no Maranhão. O Governo Federal esteve em São Luis esta semana e anunciou medidas para ajudar na crise.

Uma crise que, segundo os especialistas, ia mesmo acontecer, mais cedo ou mais tarde.

Facas de todos os formatos e tamanhos. Essas eram algumas das armas usadas pelas facções criminosas para controlar o presídio de Pedrinhas.

As imagens, obtidas com exclusividade pelo Fantástico, são de uma vistoria feita em 31 de dezembro de 2013. A repressão policial, com a participação da Tropa de Choque e a Força Nacional, começou depois de uma série de mortes dentro dos presídios.

Além das armas, os policiais encontraram celulares, drogas e até caderno de contabilidade dos criminosos.

Chefe de facção ordenou ataques a ônibus e militares

Três dias depois da inspeção, uma conversa telefônica mostra a revolta de Wallison dos Santos, chefe de uma das facções, com a repressão policial.

“O choque hoje invadiu aqui, levou uma 380 nossa, tá ligado? Levaram vento, televisão, fogão”, diz Wallinson.

De dentro da cadeia, ele orienta Hilton John Alves Araújo, conhecido como Praguinha, que é foragido da polícia.

Wallinson: Nós tamo dando um alô geral, pra todo mundo se organizar. Quando der mais tarde, rolar aqueles ataques novamente pra cima deles. É ônibus, é polícia, é bombeiro, é tudinho, entendeu? Tá ligado?

Praguinha: Eu tô.

Em uma mensagem de celular, a ordem é incendiar. “Tem que botar pra queimar ônibus e atacar os vermes, vê aí a casa do Vermão do Ivaldo e dá ataque soviético lá também”.

Ivaldo é o comandante da Tropa de Choque da Polícia Militar. A casa dele não foi queimada, mas no dia seguinte, 04 de janeiro, vários tiros atingiram duas delegacias, um posto de polícia e quatro ônibus foram incendiados.

Cinco pessoas ficaram feridas, entre elas a menina Ana Clara, seis anos, que, infelizmente, faleceu. A mãe da garota teve 50% do corpo queimado. Ela foi transferida para um hospital de Brasília. O estado de saúde dela é grave, mas estável. A irmã já está fora de perigo.

Uma história que fez com que o país inteiro prestasse atenção na penitenciária de Pedrinhas. Mas que lugar é esse?

Presos são obrigados a seguir facções

Esta semana, o Fantástico entrou no complexo com a Comissão de Direitos Humanos. Em conversa com nosso produtor no centro de triagem, um preso explica como se dá a atuação das facções.

Fantástico: Quem não faz parte de algum tipo de facção sofre algum tipo de pressão aqui dentro?
Preso: Direto, direto.
Fantástico: Que tipo?
Preso: Rapaz, até mesmo pra assinar papel, ou joga com eles ou morre.
Papel é o estatuto que cada uma das facções criou para determinar regras de conduta e lealdade ao crime.
Preso: Tem um estatuto, um livro que eles assinam. Olha e se não fizer mata família, mata parente, mata inocente, é o que tá acontecendo aí.
Fantástico: Aí todo mundo acaba entrando em uma facção?
Preso: Tem que entrar forçado.
Desde 2007, Pedrinhas já registrou a morte de 171 presos. Só em 2013, foram 60 mortos, 169 fugas.
Em Pedrinhas, também faltam agentes penitenciários.

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