Protestos explodem nas capitais brasileiras; onda deve chegar também a São Luís

Onda de protestos se espalha pelo Brasil. Foto: portal Terra

O jornal americano New York Times pesquisou um pouco e comparou os protestos que acontecem diariamente em diversas capitais brasileiras com a Revolta do Vintém, ocorrida no Rio de Janeiro em 1879 contra o aumento de 20 réis, ou um vintém, nas passagens dos bondes, e que foi reprimida pelo Exército à bala (de chumbo, não de borracha). No presente, as manifestações começaram em São Paulo, justamente por causa do aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus (ver charge abaixo).
As semelhanças param por aí. É que as novas mobilizações se espalham por diversas capitais, inclusive em Fortaleza, onde manifestantes fizeram uma “caminhada anticapitalista de repúdio à repressão policial“, e prometem chegar a São Luís do Maranhão. Essa dispersão espacial resultou numa variedade de causas, dependendo do lugar. Podem ser contra os aumentos nas passagens ou contra os gastos com as obras para a Copa do Mundo, pela qualidade da saúde e da educação, ou de repúdio ao uso da força policial para dispersar esses mesmos protestos.
Em 1879, a revolta foi utilizada por republicanos para desgastar as imagens de Dom Pedro II e do império. Atualmente, não é possível saber ainda que rumo político essas manifestações estão tomando, mas é claro que, por se alimentarem de uma insatisfação genérica, elas acabam expostas a eventuais manipulações de grupos interessados em colar nelas suas bandeiras particulares como o conhecido “Fora Collor dos Caras Pintadas”.
Não adianta classificar essas manifestações de vandalismo, pois isso é fechar os olhos para uma disposição geral ao descontentamento popular. Também é arriscado ver nelas um novo começo para o Brasil, pois as reivindicações carecem de argumentos de ordem prática. Todos são contra a corrupção, claro, mas nem de longe todos são militantes dispostos a revogar o capitalismo em nome do que quer que seja.
De qualquer forma, o recado está sendo dado. As pessoas comuns estão no limite com tanto descaso, com tanta corrupção, com tanta ineficiência na gestão pública. A Revolta do Vintém não derrubou ninguém, mas foi, dentro do contexto em que nasceu, um passo a mais para a substituição do Império pela República. 
Para os governos de hoje, o perigo não é uma revolução ou um golpe, mas a manutenção desse sentimento agudo de insatisfação até o dia das eleições.

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