Na coluna do Sarney, publicada, no fim de semana, no jornal O Estado do Maranhão, senador diz que deputada recusou a “demonização” em torno de seu nome
Em curioso artigo, Sarney mostra reflexos dos últimos movimentos em Brasília |
Em um curioso artigo, publicado no último final de semana no jornal “O Estado do Maranhão”, o senador José Sarney classificou de “velha política” as investidas da oposição maranhense para tirar do poder o grupo Sarney. E foi buscar inspiração em um texto produzido pela ex-senadora Marina Silva à Folha de São Paulo, que condena e fustiga uma ultrapassada forma de fazer política, pautada nas “guerras particulares” e na recusa em se “debater ideias”.
Sarney disse que citou Marina Silva, hoje no PSB ao lado do presidenciável Eduardo Campos, governador de Pernambuco, para contar que se a ex-senadora viesse ao Maranhão, “certamente estaria puxando as orelhas de alguns dos seus apoiadores”, referindo-se, claramente, à oposição ligada ao presidente da Empresa Brasileira de Turismo e pré-candidato do PCdoB, Flávio Dino.
Surpreendentemente e sutilmente, ele diz, em um trecho do artigo, que a pré-candidata ao governo do Maranhão pelo PPS e deputada estadual, Eliziane Gama (PPS), a quem ele chama apenas de senhora, recusou essa “demonização” e, um pouco depois, até reconhece que a oposição tem “excelentes quadros”, excluindo aqueles que, “movidos a ódio, inveja, ressentimento e ambição desmedida, não têm valor nem objetivos nobres, senão a conquista do poder”, referindo-se, certamente, apesar de não ter citado, aos políticos ligados a Flávio Dino.
“A senhora Eliziane Gama, fiel à tese de Marina, recusou essa demonização e disse que nem me conhece, o que é verdade”, disse Sarney com a sutileza que lhe é peculiar, porém abrindo uma série de especulações em torno desta declaração por conta dos últimos movimentos, visando à disputa pela sucessão estadual que se avizinha.
No artigo, Sarney tenta se colocar na condição de vítima, inverte papéis e diz que não disputa eleição no Maranhão há 35 anos, apesar de não lembrar, no momento, que familiares e amigos do seu grupo, deram sustentação à sua política em todos esses anos; garante que nunca perseguiu ninguém e que não teria inimigos. Cita, inclusive, o ex-governador José Reinaldo Tavares entre os que escolheu como “gente nova” na política.
Diz o senador que está sendo alvo de uma “velha política”, para ele irracional, que não aceitaria discutir ideias, o que, segundo ele, gerou uma confrontação que já dura décadas. Pasmem!
“Para se ver a irracionalidade dessa conduta dos que ficam presos à guerra ao Sarney, veja-se que há 35 anos não disputo eleição no Maranhão – a última vez foi em 1978. Não participo da política local. Mas a velha política repete o slogan que já é refrão, de que precisamos derrotar o Sarney”, escreveu o velho e habilidoso Sarney em sua coluna.
Na coluna, Sarney não perdeu a oportunidade de atacar, diretamente, o PCdoB, hoje principal combatente do sarneysismo, em um recado claro a Flávio Dino. “Os que se dizem comunistas, até hoje, não explicaram porque o comunismo é melhor, quais suas virtudes, quais suas vantagens para resolver os problemas do Maranhão. Se a estatização dos bens de capital vai resolver o IDH que eles tanto castigam, se o exemplo da Rússia stalinista melhorou o mundo e não foi o desastre que a História documenta”, argumentou o senador ao demonstrar aqui reflexos dos últimos movimentos feitos em Brasília, visando à sucessão estadual no Maranhão que envolve o Partido dos Trabalhadores (PT).