SE GRITAR PEGA LADRÃO! Lava Jato acha superplanilha da Odebrecht com valores para 279 políticos e 22 partidos

Estadão

Escândalos e mais escândalos fazem da Petrobras o ponto mais negativo do Brasil
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Os citados que foram contactados pelo Estado negam irregularidades. Segundo o juiz, é “prematura conclusão quanto à natureza desses pagamentos”. De acordo com Moro, que se manifestou em despacho, “não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos”.

A Acarajé estava sob sigilo. Mas, depois que a operação foi deflagrada, em fevereiro, o juiz Moro afastou o sigilo dos autos, como tem feito desde o início da Lava Jato, em março de 2014. Ontem, ao constatar que a lista contém “registros de pagamentos a agentes políticos”, o magistrado restabeleceu o sigilo.

“Considerando o ocorrido, restabeleço sigilo neste feito e determino a intimação do Ministério Público Federal para se manifestar, com urgência, quanto à eventual remessa ao Egrégio Supremo Tribunal Federal para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado”, disse Moro.

Delação. A divulgação da lista ocorreu um dia após a Odebrecht ter anunciado que seus ex-executivos presos pela Lava Jato ou investigados na operação pretendem fazer delação premiada. Por causa disso, a abrangência da planilha levou pânico aos bastidores da política.

A avaliação de líderes experientes foi de que a delação dos ex-executivos da empreiteira, que também negocia um acordo de leniência, tem potencial de alternar de maneira significativa o panorama do Congresso.

Também há inúmeras anotações manuscritas fazendo referência a repasses a políticos e partidos, acertos com outras empresas referentes a obras e até documentos sobre “campeonatos esportivos”, que lembram documentos semelhantes já encontrados na Lava Jato e revelaram a atuação de cartel das empreiteiras na Petrobrás.
Uma planilha com a indicação de pagamentos feitos pela Odebrecht a políticos, encontrada pela força-tarefa da Operação Lava Jato na casa do ex-presidente de Infraestrutura da empreiteira Benedicto Barbosa Silva Junior, no Rio de Janeiro, traz pelo menos 279 nomes ligados a 24 partidos políticos. Levantamento do Estado com base no documento mostra que, em vários casos, os valores são superiores aos declarados pelos candidatos indicando possível caixa 2.

A “superplanilha”, como está sendo chamada a lista nos bastidores do poder, é a maior relação de políticos e partidos associada a pagamentos de uma empreiteira capturada pela Lava Jato desde o início da operação, há dois anos. Ela foi encontrada nas buscas da 23.ª fase, a Acarajé, que teve como alvo principal o casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura.

Campanhas eleitorais

As anotações, indica a Lava Jato, referem-se às campanhas eleitorais de 2012 (municipais) e 2014 (presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais). Segundo a força-tarefa, não há nenhum indicativo de que os pagamentos sejam irregulares ou fruto de caixa 2 e tampouco a Polícia Federal teve tempo para analisar a vasta documentação colhida.

Barbosa Silva Jr. é apontado pelos investigadores como o encarregado de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, para tratar de doações eleitorais e repasses a políticos.

Também há inúmeras anotações manuscritas fazendo referência a repasses para políticos e partidos, acertos com outras empresas referentes a obras e até documentos sobre “campeonatos esportivos”, que lembram documentos semelhantes já encontrados na Lava Jato e revelaram a atuação de cartel das empreiteiras em obras na Petrobrás.

Em meio aos avanços da Lava Jato, os executivos da empreiteira anunciaram nesta terça-feira, 22, que vão fazer uma “colaboração definitiva” com as investigações.

A superplanilha foi divulgada oficialmente pela operação na manhã desta quarta-feira, 23. Mas, no início da tarde, o juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba, decretou sigilo sobre o documento. Moro pediu ao Ministério Público Federal que se manifeste sobre “eventual remessa” dos papéis ao Supremo Tribunal Federal.

Os partidos que constam na planilha são PT, PMDB, PSDB, PP, PSB, DEM, PDT, PSD, PC do B, PPS, PV, PR, PRB, SD, PSC, PTB, PTN, PT do B, PSOL, PPL, PTB, PRP, PCB e PTC. O levantamento do Estado baseou-se nas planilhas às quais a reportagem teve acesso.

Nomes. Entre os nomes estão o dos ministros Aloizio Mercadante (Educação), Jaques Wagner (Gabinete), Aldo Rebelo (Defesa) e Armando Monteiro (Desenvolvimento), dos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Aécio Neves (PSDB-MG), José Serra (PSDB-SP), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Romero Jucá (PMDB-RR). Entre os deputados estão o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e Celso Russomanno (PRB-SP).

Há também citações aos governadores Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), Beto Richa (PSDB-PR), Paulo Câmara (PSB-PE) e ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ).
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), também está entre os nomes da lista.

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