SEM LEITE E SEM CHUPETA: “Mamãe, eu quero mamar…”

Por Jacir Moraes*

Jacir Moraes é colaborador deste blog
Em décadas passadas, o Carnaval de São Luís já foi considerado o terceiro do Brasil, atrás somente do Rio de Janeiro e Recife. À época, não se falava em São Paulo e Salvador, que, ao longo do tempo, cresceram e apareceram na folia momesca nacional, banindo a capital maranhense do mapa.


Mas bons tempos aqueles passados em que ocupávamos o terceiro melhor Carnaval do Brasil com as nossas casinhas da roça, pierrôs, colombinas, máscaras, fofão, confetes e serpentina, bailes populares, como o do Moisés, o do Bigurrilho, o famoso Pedro Veiga e várias festas, lembrando ainda os clubes sociais Casino Maranhense, Lítero,  Jaguarema e Montese (Associação dos Subtenentes e Sargentos do Exército).  


Ah, bons tempos aqueles, sem desarmonia e sem “pidança” de dinheiro, que, em muitos casos, confundem-se com extorsão, para a realização da folia momesca. Daqueles antigos carnavais, só restaram mesmo a saudade e aquela velha conhecida marchinha: “Mamãe, eu quero…; Mamãe, eu quero mamar…”, numa alusão ao primeiro e necessário “alimento” dos mamíferos da nossa grande fauna.


As grandes escolas nacionais recebem maciços investimentos em função do retorno financeiro  que proporcionam aos empresários, bicheiros e ao poder público sobre o clichê de que “a indústria sem chaminé do turismo” é a maior do mundo. Valem a pena os investimentos que são feitos pra fomentar, ainda mais, o vai-e-vem de turistas.


Em São Luís, o poder público, ao longo de décadas, não tem se interessado, suficientemente, em arrecadar dinheiro de tal forma, em que pese a natureza nos ter sido pródiga em todo o Estado. Quando se fala em turismo no Maranhão vem logo à mente das pessoas os Lençóis Maranhenses e os azulejos portugueses (em decomposição). Mas se olharmos a ausência do estímulo ao turismo, constatamos a realidade de que estamos “morrendo de fome com o prato de comida não mão”.

Basta citarmos que o ministro do Turismo e o presidente da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) são maranhenses. As alegações deste caso, ou melhor descaso, por picuinhas partidárias, é de que o ministro é do PMDB e o titular da Embratur é do PCdoB. O primeiro não atua junto ao outro pelo Maranhão por questões, meramente, políticas. 


Suspensão dos cachês do Carnaval de São Luís

A atitude do prefeito Edivaldo Holanda Júnior em suspender qualquer tipo de ajuda financeira (cachês) ao Carnaval de Passarela, embora seja uma medida que não soou bem, principalmente, entre os brincantes e gestores de recursos, no primeiro momento, está sendo confundida ou propagada como má fé, mas se tornou extremamente necessária diante da situação em que o ex-prefeito João Castelo deixou os cofres da Prefeitura de São Luís: não apenas limpos, mas lambidos.


Castelo não pagou o mês de dezembro do funcionalismo municipal,  parte dos fornecedores e prestadores de serviço, o que acarretou  na tomada de uma medida mais austera, por parte de Holanda Jr, sob pena de sua administração se endividar, ainda mais, em um futuro bem próximo. 

Os envolvidos com o Carnaval maranhense que foram ao Rio de Janeiro, quando da criação do cachê, em busca de informações, parece que se esqueceram de aprender como conseguir dinheiro para financiar as agremiações.


E de quem é o erro?

O erro aí terá que ser tributado não, única e exclusivamente, aos que promovem o Carnaval, mas também aos que copiaram mal o modelo do Carnaval do Rio de Janeiro. Eu faço agora uma grande pergunta: Seria justo alguém, que participou do acordo de divisão em três parcelas do salário atrasado, vê parte do seu dinheiro descendo pelos ralos da Passarela do Samba, por que foi desviado para o Carnaval?


Certamente não. Alegam, alguns exaltados, que esse dinheiro não vale nada para um município como São Luís. Sem conhecimento de causa, acham que o poder público está sempre nadando em dinheiro. A reivindicação dos carnavalescos pode ser justa, mas não é oportuna no momento, diante da crise financeira que se abateu sobre o Palácio La Ravardière.


A população saberá, no futuro próximo, agradecer e reconhecer a atitude do atual prefeito.


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*Jacir Moraes é jornalista, fundador do jornal O Debate, ex-secretário de Comunicação da Assembleia Legislativa, trabalhou 26 anos na rádio Timbira do Maranhão, foi editor do Diário Oficial do Estado e ex-presidente da Abgraf – regional Maranhão e, a partir de agora, é colaborador do Blog da Sílvia Tereza.

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