Febre maculosa transmitida pelo carrapato pode ser fatal; veja casos no Brasil e como evitar

A morte prematura e súbita de um casal jovem no interior de São Paulo chamou a atenção para a febre maculosa. A doença é causada por picada de carrapato infectado com bactérias da família Rickettsia. Em humanos, quando não é tratada, a letalidade pode passar de 80%. A doença é considerada rara e o Distrito Federal não registra nenhum caso há três anos.
Durante uma viagem pelo interior de São Paulo (SP) e Minas Gerais (MG), a mulher percebeu picadas de inseto em seu corpo antes dos sintomas aparecerem. Poucos dias depois, com a persistência do quadro de febre e dor de cabeça em ambos, o casal procurou o serviço de emergência no dia 7 de junho, mas vieram a óbito um dia após a internação. Os exames encaminhados para o Instituto Adolfo Lutz, laboratório com sede em SP, confirmaram a morte dos dois em decorrência da doença.


Segundo o subsecretário de Vigilância à Saúde do Distrito Federal (DF), Divino Valero, é necessário buscar ajuda nos primeiros dias de sintoma, pois o atendimento rápido para tratar a doença faz toda a diferença. Já para evitar a contaminação, Divino alerta que é preciso combater o parasita.
“O DF está vigilante quanto aos casos tanto na vigilância epidemiológica quanto ambiental. Isso faz parte da nossa rotina. E na situação da febre maculosa, os cuidados seguem bem parecidos quanto à vigilância do meio ambiente e de animais. Fazendo o manejo ambiental, conseguimos evitar o carrapato, e consequentemente, a doença”, explica.

A doença

A febre maculosa brasileira é uma doença infecciosa causada e transmitida pelo carrapato-estrela ou micuim da espécie Amblyomma cajennense, não sendo passada diretamente de pessoa para pessoa nem pelo contato com animais infectados. A bactéria R. rickettsii é propagada aos humanos e aos animais apenas por meio da picada de um carrapato infectado. Mais comum entre os meses de maio a novembro, a doença tem tratamento por meio de antibióticos. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maior será a chance de cura.

Hospedeiros mamíferos amplificadores (cães, bois, cavalos, capivaras, etc.) são animais predispostos à infecção por R. rickettsii, mantendo níveis circulantes da bactéria na corrente sanguínea, o suficiente para causar infecção de carrapatos que dele se alimentem.

O biólogo e gerente da Vigilância Ambiental de Vetores, Animais Peçonhentos e Ações de Campo (Gevac), Israel Moreira, destaca que, na capital federal, é mais comum apontar as capivaras como principais transmissores. “Pesquisa da Secretaria de Meio Ambiente mostrou que há infestações de carrapatos em áreas não visitadas por capivaras, reforçando que outros animais também são importantes na disseminação de parasitas. Inclusive o cachorro, animal tão próximo ao ser humano”, explica. Para ele, é fundamental manter os animais domésticos bem cuidados, dando banho e utilizando frequentemente carrapaticidas. Além disso, é preciso manter o quintal e as áreas com mato alto bem cuidados.

Como prevenir

A prevenção da febre maculosa é baseada no impedimento do contato com o carrapato. O Ministério da Saúde recomenda a adoção de algumas medidas para evitar a doença, principalmente em locais onde há exposição a carrapatos:

  • Use roupas claras para ajudar a identificar o carrapato;
  • Use calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas;
  • Evite andar em locais com grama ou vegetação alta;
  • Use repelentes que possuem proteção contra carrapatos;
  • Realize o controle com antiparasitário nos animais domésticos;
  • Retire os carrapatos (caso sejam encontrados no corpo), preferencialmente com auxílio de uma pinça (de sobrancelhas ou pinça cirúrgica auxiliar);
  • Não esmague o carrapato com as unhas, pois ele pode liberar bactérias e contaminar partes do corpo com lesões;
  • Quanto mais rápido retirar os carrapatos do corpo, menor será o risco de contrair a doença.

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