Humilhação a grávidas é constante em maternidades públicas do Maranhão

Em 2007, a professora Viviane Pereira foi recusada na Maternidade Marly Sarney; o filho enrolou-se no cordão umbilical e nasceu morto


Mulheres, em trabalho de parto, sofrem em maternidades públicas

O caso da adolescente que pariu no chão, ao relento, em frente à Maternidade Maria do Amparo, chocou o Maranhão e o Brasil e “escancarou” para todo o país a humilhação que sofrem grávidas, em trabalho de parto, nas maternidades públicas do Estado. 

Há exatos seis anos, a professora Viviane Pereira também viveu algo parecido. Fez todo o pré-natal na Marly Sarney e quando sentiu fortes dores e se dirigiu à maternidade foi rejeitada por falta de leitos.  O bebê acabou se enrolando no cordão umbilical e nasceu morto.

No caso de Viviane, que aguarda ainda decisão da Justiça em processo que se arrasta lentamente há seis anos, além de humilhação houve negligência. Com dores e em trabalho de parto, uma enfermeira, a mando de um médico, aplicou-lhe buscopan, analgésico contra cólica, e a mandou de volta para casa, alegando que ainda não estava na hora do parto e que, mesmo assim, não havia leito disponível. Disseram ainda que o único aparelho de ultrasson do hospital estava quebrado e que não poderiam ver como estava o bebê.

No dia seguinte, Viviane, que já havia passado muito dos nove meses, não sentia mais os movimentos do bebê e decidiu fazer uma ultrasson particular, quando recebeu a notícia de que a criança já estava morta. Com a ajuda de amigos, ela conseguiu, com muita luta, um leito na Maternidade Benedito Leite para o parto do natimorto que estava enrolado no cordão umbilical.

Tratamento desumano – Informações que chegaram a esse blog dão conta que, principalmente no horário da noite/madrugada, o tratamento às grávidas, em trabalho de parto, nas maternidades estaduais, é humilhante. Muitas delas parem, praticamente, sozinhas no parto normal, enquanto médicos e enfermeiras dormem, bocejam e se espreguiçam. Geralmente chegam só para cortar o cordão umbilical e pegar a criança sem qualquer outra assistência.

Quem passa a noite numa maternidade pública acompanhando uma mulher em trabalho de parto sabe o que sofrem as grávidas. Ouve-se coisas absurdas que saem da boca de médicos e enfermeiros. Isso precisa mudar! Não pode continuar do jeito que está.

É triste ouvir o secretário de Saúde, Ricardo Murad, dizer que o Maranhão tem o mesmo padrão de saúde pública da Inglaterra, qualidade britânica, e ver, em rede nacional, uma grávida em trabalho de parto parir, no Maranhão, na calçada de uma maternidade por falta de leitos. Aonde será que vamos parar? 

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