A velha política, na visão de Sarney

Por José Sarney

Sarney critica oposição e se faz de vítima

A senadora Marina Silva escreveu sexta-feira, na Folha de São Paulo, um artigo no qual condena e fustiga a velha política, que se recusa a discutir ideias, para ficar na velha fórmula, agarrada na parte pessoal, a insultar, injuriar, inventar e estabelecer guerras particulares, como se no mundo uns fossem destinados à salvação e outros à perdição. Diz ela: “Essa dúvida vem do medo de aceitar o outro, ouvir sua voz, compreender a necessidade de sua presença. Permanece entre nós a ideia militarista de divisão, embate, ordem unida. Eis a bipolaridade: governo contra oposição, aliados contra inimigos. No fim das contas, brasileiros contra brasileiros. Repete-se o ‘ame-o ou deixo-o’, como se fosse amar e discordar. Numa agenda pactuada com a sociedade, compartilhando poder e responsabilidade, podemos criar um campo virtuoso em que a democracia é o ambiente no qual se gera mais democracia”.

Cito essa afirmação para contar que, se a Marina visse o Maranhão, certamente estaria puxando as orelhas de alguns dos seus apoiadores. Embora tarde, mas ela iria verificar o exemplo da velha política que ela condena. Aqui não se discute nada, é “Sarney é o inimigo, devemos matá-lo”. O que interessa é que a falta de temas, de ideias a discutir, leva a essa confrontação, que já dura décadas. Os que se dizem comunistas até hoje não explicaram por que o comunismo é melhor, quais suas virtudes, quais suas vantagens para resolver os problemas do Maranhão. Se a estatização dos bens de capital vai resolver o IDH que eles tanto castigam, se o exemplo da Rússia stalinista melhorou o mundo e não foi o desastre que a História documenta.
A senhora Eliziane Gama, fiel à tese de Marina, recusou essa demonização e disse que nem me conhece, o que é verdade.
Para se ver a irracionalidade dessa conduta dos que ficam presos à “guerra ao Sarney”, veja-se que há 35 anos não disputo eleição no Maranhão – a última vez foi em 1978. Não participo da política local. Mas a velha política repete o slogan que já é refrão, de que “precisamos derrotar o Sarney”.

Só tenho feito pelo Maranhão o bem e nunca persegui ninguém. Não tenho inimigos nem os aceito voluntários. Quando entrei na política, procurei escolher gente nova, a começar por Bandeira Tribuzi. Foram José Reinaldo, Castelo, Luís Rocha, Lourenço Vieira da Silva, Eliezer Moreira Filho, Joaquim Itapary, Benedito Buzar, Nivaldo Macieira, João Alberto, Edison Lobão, Vicente Fialho, Carlos Alberto Madeira, Haroldo Tavares, José Lins de Albuquerque, Antônio Luís Oliveira, Bello Parga, entre muitos outros. Alguns desses, criados por mim, passaram a condenar “os 40 anos de oligarquia”. Acolhi, num tempo difícil dos militares, muitos militantes de esquerda e herdeiros da atual oposição me acusavam de esquerdista e se aliaram a alguns oficiais da nossa guarnição para cassar o meu mandato de governador.

Para mim, a oposição sempre é bem-vinda, formada por gente que quer participar da política. Apenas reconheço que tem excelentes quadros, mas outros, movidos a ódio, inveja, ressentimento e ambição desmedida, não têm valor nem objetivos nobres, senão a conquista do poder.

Tenho serviços prestados ao país. Dediquei toda a minha vida ao interesse público. Presidi a transição democrática, viabilizei-a, criei a política de “tudo pelo social”, cujo exemplo maior é a saúde para todos, desde o nascimento até a morte.

Mas é com orgulho que vejo o Maranhão de hoje e tudo o que aqui foi feito para o estado ser o 17º do Brasil, ter o 2º porto do país e ser o que mais cresce no Nordeste, o que gera mais empregos, o que lidera os investimentos privados e cada vez mais avança, com a liderança da governadora Roseana.

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