HOMENAGEM – A despedida de Jacir Moraes ao som da sanfona, como ele queria

CANTA, GONZAGÃO!

 

Familiares e amigos se despediram do jornalista Jacir Moraes, que marcou várias gerações da Imprensa, durante o sepultamento no Cemitério da Pax, em Paço do Lumiar (Região Metropolitana de São Luís), neste final de semana, com uma emocionante homenagem ao som da velha sanfona e do forró pé de serra que tanto apreciava (veja no vídeo). Amigo muito próximo do rei do baião, Luís Gonzaga (seu padrinho de casamento), ele foi um dos idealizadores do evento nacional “Tributo a Gonzagão”, que tinha sua vertente em São Luis com o seu apoio.

Antes de partir, Jacir confidenciou a esta editora e a familiares e amigos próximos que imaginava o seu velório, o seu enterro, a sua despedida desta terra ao som da velha sanfona e do forró pé de serra que ele apreciava e cantava, quando reunido com os forrozeiros. E citou, inclusive, a música “Asa Branca”, de Gonzagão, uma de suas preferidas. Disse que não queria ver tristeza neste dia, pois não gostava dessa palavra e sim de alegria.

O jornalista Marcial Lima e o sanfoneiro Raimundinho, diga-se de passagem o preferido de Jacir Moraes, conduziram a homenagem com canções clássicas de Gonzagão e Dominguinhos, como “Asa Branca”, “Chora Sanfona”, “Eu só quero um xodó”, etc, enquanto as aves do local faziam, por si sós, o seu coro natural em um dia limpo e ensolarado.

Durante o sepultamento, Marcial Lima pediu à família que cuide de conservar a rica discoteca que Jacir Moraes mantinha em sua casa com LPs, cd´s e dvd´s preciosos de artistas como Gonzagão, Dominguinhos e João do Vale, outro que foi um grande amigo do jornalista, etc. “Ele era também um grande estimulador da Cultura”, disse.

Jacir Moares partiu, acometido de doenças provenientes do coração e da Diabetes. Mas, com todos os percalços, após ter ficado sem a visão e a locomoção, ele não perdia o humor e nem a vontade de viver. Viveu intensamente, enquanto pôde.

CANTA, DOMINGUINHOS!

Irreverência marcou o jornalista

Jacir era uma referência do jornalismo maranhense, sobretudo, pelo seu dinamismo, irreverência e humor inteligente. Natural do município de Carutapera, ao chegar em São Luís exerceu vários cargos na imprensa, indo da reportagem à direção de mídias, até fundar O Debate, em 1983, matutino que permanece ativo até hoje.

Entre seus tantos trabalhos atuou na Rádio Timbira por 26 anos; nos jornais Tribuna do Maranhão e Diário do Povo; fundou a Revista Projeção, e, logo após, o jornal O Debate. Assumiu o cargo de secretário de Comunicação da Assembleia Legislativa do Maranhão, presidiu a Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (Abgraf – Regional Maranhão) e foi editor do Diário Oficial do Estado. Indiscutivelmente, é grande  a relevância e a contribuição do jornalista Jacir Moraes para a imprensa maranhense.

CANTA, JOÃO DO VALE!

 

“Onde tem gente, tem sacanagem”, diz Jacir Moraes

Extremamente irreverente e com um humor (bom ou mau) que lhe era peculiar, ele tinha mais de cem frases prontas que ele proferia, ao longo de sua vida de acordo com a situação vivida. Ditados que o marcaram. Abaixo, republico postagem que fiz no meu blog, ao lado dele e com boas gargalhadas, retratando esse lado do jornalista que não tinha papas na língua:

Jacir colecionava clássicos de Luís Gonzaga e Gonzaguinha
Jacir colecionava clássicos de Luís Gonzaga, Dominguinhos e João do Vale

O jornalista Jacir Moraes, fundador do Jornal O Debate e ex-secretário de Comunicação da Assembleia Legislativa, carrega consigo uma bagagem de mais de 100 frases e tiradas irreverentes, criadas por ele próprio e que levam a sua assinatura. Muitas delas foram geradas, de forma espontânea, em função de determinados momentos de sua vida e revelam um tom de humor singular; outras são de domínio popular, mas adaptadas com aquela pitada de sal.

As tiradas e frases jacirianas são, comumente, lembradas por amigos, familiares, funcionários e ex-funcionários nas rodas de conversas e hoje ganham destaque aqui no Blog da Sílvia Tereza. Conhecido por seu alto grau de humor (bom ou mau), mas sempre traduzido na realidade, Jacir não tem papas na língua e alguns ditados chegam a ser impublicáveis, mas dignos de muitas gargalhadas.

Jacir hoje está aposentado. Mesmo com os percalços da vida, ele não perde o humor e diz que adora viver, seja de qualquer jeito. É um verdadeiro amante da vida e, por isso, tem muita coisa para contar. “Viver é o que importa”, disse.

Uma das mais recentes tiradas de Jacir Moraes foi formulada, recentemente, durante a visita desta editora e veio em forma de recado. “Diga a todos e a todas que estou aposentado da profissão, mas não das cabeças”.

Algumas frases e tiradas de Jacir Moraes:

1 – Onde tem gente tem sacanagem.

2 – O parente é o pior inimigo do homem.
3 – O sol nasceu para todos, mas a sombra para poucos.

4 – A parte mais sensível do ser humano não é o coração, e sim o bolso.

5 – Só o papel aceita tudo. Eu não sou papel!.

6 – Abraço de tamanduá é aquele que te afaga pela frente e te fura por trás.
7 – A sociedade é o lixo do ser humano.

8 – Mas vale um jornalista bem informado do que apenas formado.
9 – Todo dia homem come peixe e não reclama; o dia em que peixe come homem vai logo para o jornal.

10 – Não existe homem e nem mulher ideal. Ideal é cuscuz e pode ser de milho ou de arroz.

11 – Eu não sou testículo (culhão) para ficar de fora.

12 – Quando provocado sobre uma “certa cirurgia plástica”, Jacir respondeu na ponta da língua: “Sou gráfico, mas não gosto de material reciclado”.

13 – Ao ser abordado, certa vez, por um funcionário do jornal O Debate que lhe pedia “um vale de 10 “paus” (10 reais na época era um bom dinheiro)”, Jacir saiu com a seguinte tirada: “10 paus eu não posso lhe arranjar não, porque eu só tenho um”.

14 – Contando todos os meus amigos de agora, a soma não chega a dois dígitos, mas também não posso dizer que chega a nove, porque nove, noves fora nada.

15 – Nada contra as gordas, mas meu colesterol já é alto demais; E nada contra as que se acham “cu doce”, mas eu sou diabético.

16 – Toda mulher quando casa, só trata o marido de “meu bem, meu bem”. E se separa, passa a dizer somente “meus bens, meus bens”.

17 – A MAIS RECENTE – “Meu amigo, estou aposentado da profissão, mas não das duas cabeças. As duas cabeças estão funcionando muito bem”.

18 – Certa vez, ao voltar lisinho de uma viagem de mais de seis meses, onde ele levou um bom dinheiro consigo, referente à venda de uma fazenda, alguém lhe pergunta: “Mas com que tu gastaste tudo aquilo (R$), Jacir”. A resposta dele, bem sério: “Bu… é coisa cara”. Simples assim…

19 – Sempre que um funcionário tentava ameaçar sair da empresa pra ver se recebia uma contraproposta salarial ou outra coisa assim, Jacir sempre tinha uma resposta na ponta da língua: “Pode sair. O dia em que eu arrumar coisa melhor, eu também saio daqui”.

20 – Nos casos em que a pessoa dava uma desculpa esfarrapada em determinadas situações, Jacir saia com essa: “Meu amigo, isso é conselho para rola murcha”.

21 – Em uma situação em que alguém fazia uso das coisas que eram dos outros, Jacir sempre saia com essa: “Isso é que é gozar com o p…dos outros”.

22 – Quando perguntava a alguém: “E aí fulano, como vai?” E a pessoa respondia: “Eu vou levando…Nessa hora, Jacir arrematava: “Pois não vá só levando não, vá botando também. Só levar não dá certo…”

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