Roberto Rocha quer voto de consenso entre senadores do Maranhão para processo de impeachment de Dilma

Robert Lobato

Senador Roberto Rocha
Senador Roberto Rocha

Num rápido “pinga-fogo” com o senador Roberto Rocha (PSB), o Blog do Robert Lobato ouviu dele uma análise do atual momento político à luz da responsabilidade do Senado no julgamento do processo de impeachment da presidente Dilma.

O socialista defendeu uma posição unificada da bancada maranhense  que seja a melhor para o Estado, independente de agradar ou não os governos Flávio e Dilma.

“Seria importante, sem abrir mão de nossas diferenças e divergências, que acenássemos com um sentido de unidade [da bancada] para podermos depois reivindicar o que o Maranhão merece”, disse.

Roberto Rocha opinou também sobre os movimentos de Flávio Dino contra o afastamento de Dilma e afirmou que nenhum dos senadores foi, até agora, procurado pelo governador comunista para tratar do julgamento do impeachment no Senado Federal.

Confira a íntegra do “pinga-fogo” com o senador Roberto Rocha:

Senador, qual a sua posição em relação ao impeachment que agora chega ao Senado?

Eu externei publicamente, em jornais e nas redes sociais a minha posição. Defendi a antecipação das eleições presidenciais por achar que essa seria a única maneira de pacificar um país conflagrado. E também por entender que qualquer governo, seja Temer ou Dilma, sofre na origem de um déficit de legitimidade que agrava as condições para tirar o país da crise.

Mas agora o processo vai à votação. O sr. Já decidiu o seu voto.

Meu partido já decidiu, favorável ao impeachment, mas não é questão fechada. Eu guardo o entendimento de que o papel do Senado é o de juiz, tanto que a sessão é presidida pelo presidente do STF. Então o Senado se transforma numa corte. Acho prudente, e em homenagem ao princípio da isenção de quem julga, que eu só manifeste minhas convicções depois de ouvir a defesa da presidente. Não posso pré-julgar, sob o risco de ferir um princípio básico do direito, embora o julgamento, no Senado, seja também de caráter político.

Mas na Câmara o PSB votou contra. Será assim no Senado?

Na verdade, o PSB, se tivesse votado fechado a favor da presidente, teria evitado o impeachment. Veja bem o simbolismo: o PSB foi o único partido de base social, de doutrina e origem na esquerda, que não apoiou o Governo. O PCdoB e, é claro, o PT, votaram blocados. Os outros, seja o PP, ou o PMDB, é natural que tenham votado contra a presidente. Mas o PSB fez a diferença, ao negar apoio e se posicionar por ampla maioria pelo impeachment.

E a que o sr. atribui isso?

São muitos fatores, mas é bom lembrar o que disse nosso presidente Eduardo Campos, quando rompeu a aliança com o PT. “Saímos pela porta da frente”, deixando claro para a sociedade a nossa diferença e alertando o país para a gravidade do quadro econômico, que era negado pela presidente. Não podemos esquecer também as feridas que ficaram da campanha quando nossa candidata, Marina Silva, sofreu um massacre sórdido de desqualificação que provocou grandes ressentimentos nos nossos partidários. O governo colheu o que plantou.

E que efeito terá no Maranhão, caso se confirme o impeachment?

O Maranhão, pela quantidade de votos que despejou nos governos do PT, é credor de uma dívida que não pode ser paga em poucos anos. Somos o único estado da federação que não teve uma única obra estruturante em mais de uma década. Fomos vítimas do conto do vigário da Refinaria. O que eu defendo e gostaria de ver, nas condições gravíssimas em que se encontra o país, é que a bancada maranhense no Senado tenha uma atitude unívoca, que demarque uma posição do Estado. Nós senadores, ao contrário dos deputados, não somos representantes de segmentos da população, mas da unidade federativa. Tanto que no Senado, não importa o tamanho da população de cada estado, só há três senadores por unidade. Então penso que seria importante, sem abrir mão de nossas diferenças e divergências, que acenássemos com um sentido de unidade para podermos depois reivindicar o que o Maranhão merece, e para fortalecer o Governo do Estado em suas demandas.

Como você avalia a posição do governador Flávio Dino em todo esse processo?

Não vejo nem os governadores do PT tomarem uma posição de tamanha exposição. Quando se entra numa retórica de combate, corre-se o risco de dificultar a recomposição do diálogo político.
Mas certamente o governador sabe o que está fazendo.

Ele já procurou o senhor ou algum outro senador da bancada do Maranhão?

Não!

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