“Houve um desmonte da política indigenista e o novo ministério vai recuperar”, diz Sônia Guajajara

A maranhense, deputada federal eleita pelo PSOL de São Paulo, Sônia Guajajara, afirmou, em entrevista a uma emissora local, que houve um desmonte da política indigenista nestes quatro anos de gestão do atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo ela, o Ministério dos Povos Originários, a ser criado no governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vai contribuir para elevar o segmento. Ela foi convidada a assumir a nova pasta no Governo Federal, em 2023.

Sônia Guajajara integrou a equipe de transição de Lula na área dos povos originários e avalia que a criação do Ministério. “Estivemos juntos com a equipe de transição para pensarmos a reconstrução da política indigenista e também, a construção do Ministério dos Povos Originários, que é especificamente para os povos indígenas. Estamos muito confiantes de que vamos fortalecer essa política indigenista, ambiental e a relação dos povos indígenas com outros movimentos, para que possamos, juntos, fortalecer também a política de direitos humanos”, avaliou.

Ela acrescentou que o novo ministério será um divisor de águas para as políticas voltadas ao segmento. “Não temos dúvidas de que o ministério vem garantir aos povos indígenas o protagonismo e dará início à essa reparação histórica, além de acabar com essa negação dos direito dos povos indígenas e assim, dar mais visibilidade. Tivemos esse desmonte durante esses quatro anos do governo Bolsonaro e o ministério vem fortalecer essa luta e dar mais apoio para implementarmos os direitos dos povos indígenas no Brasil”, ressaltou Sônia Guajajara.

Sobre o orçamento para o novo ministério, ela disse que a proposta é que a Funai, que tem recurso próprio, seja agregada ao órgão. “É um orçamento, claro, insuficiente, e durante esses quatro anos houve uma perda orçamentária muito grande e também, no quadro de recursos humanos. Mas, sabemos que a Funai no ministério já trará uma força política grandiosa e também, vai garantir o orçamento que é destinado atualmente. Para além disso, estamos apresentando a necessidade de aprovação do orçamento para o ministério para garantir o funcionamento do órgão e a efetivação das políticas, a partir do ano de 2023”, explicou.

Sônia Guajajara destacou políticas específicas propostas para este segmento no Maranhão, durante os trabalhos da equipe de transição. “No nosso relatório estamos prevendo a política macro. Estamos colocando essa urgência que é a retomada da demarcação das terras indígenas no Brasil e para isso, apresentamos o mapeamento da situação das terras. São 13 com estudo concluído e que não há impedimento jurídico, nem administrativo. E também, a proteção dos grupos isolados, a exemplo do território Arariboia no Maranhão. Assim como em vários outros estados da Amazônia, que têm povos isolados em uma situação de alta vulnerabilidade, por conta da exploração ilegal seja de madeira, da grilagem e do garimpo. E tratamos também da saúde indígena, que está em vias de entrar em colapso pela falta de repasse para as conveniadas”, alertou.

Ela concluiu a entrevista respondendo porque se candidatou por São Paulo e não pelo Maranhão, seu estado de origem. “Precisávamos levar o projeto dos povos indígenas para a visibilidade, ampliar a política e então, lançamos uma bancada indígena com candidaturas em todo o Brasil, tanto estadual, quanto federal. Entendemos que São Paulo era esse estado que daria a visibilidade e mais condição de fortalecer a relação com outros movimentos. No Maranhão seria meu desejo me candidatar e se eleita pelo meu estado, mas, em São Paulo avaliamos que eu teria uma base eleitoral muito mais forte, muito maior e que poderia estar me apoiando durante essa campanha. Foi uma estratégia discutida e definida com o movimento indígena e que deu certo. Mas, o Maranhão será muito bem olhado por mim durante esses quatro anos da minha gestão”, garantiu Sônia Guajajara.

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